sábado, 26 de janeiro de 2008

É um bom motivo pra começar, não?

É como se você simplesmente acordasse e percebesse que a sua vida não é pra sempre, que seu mundinho vai além dos muros da escola, que essa rotina de viver com o único compromisso de gastar o dinheiro dos seus pais é simplesmente fútil demais pra se enquadrar em você.
Você tenta se livrar disso; é como uma roupa que você vestiu e saiu na rua durante anos, "exibindo" pra todos os seus amigos..e que agora te causa uma vergonha imensurável!
E quando você vê alguém com a mesma roupa, sua vontade é sair de perto, pra resistir ao impulso de rasgá-la e fazer esse alguém acordar aos gritos pra realidade, que não é nenhuma das fantasias que ela pensa que seja! ( ou não )

Pô...e cada vez que eu vejo uma pessoa me pedindo esmolas, ou apenas suja, mal vestida, aparentando miséria e fome, eu mutilo meu coração e principalmente minha moral, por pensar que eu reclamo por coisas pequenas, enquanto tem gente que precisa de muito mais do que eu. E cada vez que eu vejo uma ou um grupo de pessoas, daquele tipo esnobe, daquele tipo que piedosamente pensa que dinheiro é equivalente a poder e direito de subjulgar e tratar alguém de forma indiferente, mais eu percebo que eu não me encaixo nesse meio.
Detesto papos sobre quanto custou isso ou aquilo..detesto papos sobre o que eu comprei ou deixei de comprar, sobre o que o vizinho adquiriu...Me sinto desconfortável quando se começa a esbanjar assuntos financeiros, como forma de bossa..Sendo bem rude, acho ridículo.

Penso que cada pessoa deve, teoricamente, ter um propósito na vida.
Quem quer seguir uma vida boemia, deve ter ao menos a maturidade de sustentar seus próprios vícios.

Só quem plantou uma árvorezinha de dinheiro em casa pode passar a vida farreando..porque alguém tem que sustentar as farras. Se não é o papai, penso que esse dinheiro não pode ser honesto a não ser que venha do seu próprio suor e esforço..Esforço esse que pode vir através de estudo...Estudante é uma profissão digna; Quanto mais "culto" você for, mais conteúdo você tem.
Entretanto, quando eu me refiro a ser estudante, eu me refiro a ter maturidade suficiente pra encarar isso como uma profissão e não como um recreio, onde você faz amiguinhos e dorme durante as explicações..coisa que eu não tive ano passado e admito, pois o primeiro passo a se consertar um erro, é admintindo-se que errou. Admito publicamente que fui uma otária, filhinha de papai, que gastou o dinheiro dos pais com bebidas, cigarros e outras coisas que não trouxeram exatamente nada de relevante pra minha vida.

Muita gente diz que eu sou louca por estar repetindo de ano..logo no terceiro ano.
"Faça a prova do MEC!" "Faça a prova do CADE!".
O que eu vou fazer é o terceiro ano, novamente, mas agora com uma diferença: COM VERGONHA NA CARA. Com a consciência de que isso não é uma brincadeira, de que isso é meu futuro, meu ingresso numa faculdade em que eu não precise pagar pra ter um diploma.


Não sou um ser humano perfeito, eu sou impulsiva demais e por agir por impulso, eu acabo sendo incoseqüente e às vezes irresponsável, o que é natural pra alguém da minha idade. Mas é algo que me traz sempre arrepedimento quase imediato e arrependimento é uma sensação que eu não gosto de deixar fluir.




Eu fico pensando nos seres humanos que possivelmente irão ler isso e concordar hipocritamente com tudo o que eu disse, pra no dia seguinte estarem de volta às suas vidinhas medíocres e vazias - pois há de se convir que uma vida dentro dos moldes que foram citados É medíocre.

Eu cansei.
Agora, eu só quero saber das flores..
É um bom motivo pra começar, não? Renovação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho visitado bastante aqui e tenho me identificado muito com alguns posts. Mas me identificado com alguém que já fui, mais ou menos na epóca que tinha sua idade. Só acho que você parece ter bem mais acervo bibliográfico do que eu tinha na sua idade.

Mudei bastante alguns posicionamentos, principalmente depois de ter entrado na universidade. Pelas discussões nos corredores, pelos livros, pelas discussões em sala de aula. Por muita coisa que aconteceu em minha vida também.

Quero terminar de ler tudo para escrever mais. Por enquanto fico por aqui.