terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O que você aprendeu hoje?

É preciso razão, sempre.
Mas nunca deixar que as amarras do falso iluminismo te amordacem ferozmente.
Você é capaz de discernir entre uma ilusão e uma obsessão?
O que seus dias te ensinam?
Na vadiagem, na aplicação, há sempre algo..
E você? O que aprendeu hoje?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_pictures/7792616.stm


Sem mais.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estava aqui divagando..

Há alguns dias quero escrever algo sobre política. Mas alguns alvoroços pessoais me faziam perder a concentração. E eu pensanva "como posso me entregar a um tema com paixão - porque sim, só me agrada escrever sobre assuntos que realmente me intriguem, para que eu escreva com a alma -, se minha mente, enquanto disserto, vaga em outras dimensões?".
E nessa minha Odisseia pessoal, cujo intento é racionalizar tudo o que é suscetível ao sentimento, acabo censurando tudo o que me soa fraco.

Mas era justamente aí que se encontrava o nó da questão: paixão. Sim, a paixão como um dos sentimentos mais motivadores que há. Os sentimentos, sim. A raiva, a alegria, a esperança, a saudade..O que me motiva a escrever é a paixão! A paixão pela mudança - pois é, "Make a change" não é um título à toa nesse blog -, a paixão por hastear minha bandeira, mesmo que todos os soldados já estejam fracos, mantendo-me firme sobre minhas convicções!

Esses dias eu tive uma conversa com um amigo de escola sobre nossas carreiras profissionais. Ambos estamos no intento de sermos aprovados em Jornalismo, na UFRN. E mais uma vez, a paixão foi o que me fez escolher tal curso. Minha paixão por escrever, por fazer diferença com minhas palavras, por levar ao público, talvez, aquelas informações que os poderosos insistem em querer sufocar.
E, no meio da conversa ele me disse "você deverá manipular as informações para seus interesses, sempre será assim. E não falo isso por maldade, só estou pensando na melhor forma de crescer no meu ramo". Ao que eu lhe respondi "você é um jornalista corrompido, antes mesmo de se tornar um. Você está indo a favor do sistema. Você pensa que as coisas são do jeito que são porque elas têm que ser assim. Eu não penso assim, pô, e nada vai mudar minha cabeça...esse é o único motivo que me faz querer ser jornalista, a vontade de mudar, de representar uma mudança, uma agulha no palheiro, que seja. Fazer minha parte, é o que importa".
Me chamem de idealizadora, não me importo. Se todos acreditassem que o mundo está perdido, ninguém tentaria fazer nada para salvá-lo. Sim, o mundo tem jeito, as pessoas têm jeito. Como dizem por aí, para tudo nessa vida se dá jeito, só não se dá jeito na morte. Foi esse pensamento, essa paixão que motivou os jovens na década de 60 - principalmente no ano de 68.

E isso me apaixona. Esse "despertar para a realidade" em massa, ou mesmo o individual..afinal, as vitórias são conseguidas com os esforços individuais até que se juntem em um todo.
Meu maior desejo, como profissional, é poder viajar o mundo, estudando a conjuntura política dos países, entendendo como e porque a sociedade se estrutura do modo que encontra hoje e, deixar de assistir tudo pela televisão e passar a viver cada momento histórico da humanidade, registrando tudo com minhas palavras, com o meu ponto de vista, que nunca estará a venda.

Mas bem, voltando ao tema da paixão, minha idéia inicial para esse texto partiu de uma divulgação de dados no Jornal Nacional. Não me recordo mais o dia exato de sua divulgação, mas não deve ter mais de duas semanas. Foram cedidas ao público, em cadeia nacional e em horário nobre - e sim, na Globo!! - dados estatísticos sobre a última pesquisa sobre a popularidade do governo Lula. E, batendo seu próprio recorde anterior, Lulinha conta com nada mais nada menos do que 93% de apoio. Como de praxe, os maiores índices vieram do Nordeste, cujo 81% da população declarou considerar a gestão ótima e 13% entre bom e regular. Os menores índices vieram da região Sul, apresentando, ainda sim, 56% de aprovação, ou seja, mais da metade da população. Mesmo com todos os escândalos políticos, o progresso é evidente. Mesmo com todos os ataques da mídia opositora, os resultados de um bom governo estão aí.

Bem, o próprio Lula agradece a Deus pela sorte que vem tendo. E não é para menos, a descoberta do Pré-sal representa uma revolução na economia do país, visto a importância mundial do petróleo. Qualquer profissão que se relacione com isso vem sendo tratada como "a profissão do futuro". Mas, além disso, eu tenho a coragem de dizer que, mais do que sorte, Lula conta com a paixão pelo que faz! E acima de tudo, paixão pelo país em que vive, pelos brasileiros! Ele hoje usa terno e gravata, mas um dia já foi operário e grande ativista nas greves do ABC paulista. E quem há de negar o avanço do país?

Sobre o "terceiro mandato", um pouco exposto já no post anterior, gostaria de acrescentar que a reeileção de FHC foi um ato inconstitucional. Ele próprio assinou uma lei que o permitiria se manter no cargo. Não vejo mal em um terceiro mandato. Não tratamos aqui de um ditador, tirano e nem de um golpe de estado e sim da manutenção de um homem que muito fez pelo país e pode continuar fazendo. Porém, isso pode ser feito através de outro político(a) que se alinhe ao pensamento "Lulista", que é o que se espera da Dilma Rousseff, quem o presidente atualmente indica como sua possível sucessora. O que me daria o dobro de orgulho, por ter assim, uma mulher no poder, pela primeira vez na história do nosso país.

É claro que Lula não é perfeito, ninguém é. Eu aqui não estou tentando construir um mito de "herói da nação". É sensato reconhecer os erros. E os acertos também.

Para terminar esse post, eu gostaria de ceder a belíssima imagem do Bush quase levando uma sapatada na cara de um jornalista iraquiano:



( http://www.youtube.com/watch?v=pOqsBRS7lBY&feature=related )


"Este é o seu beijo de adeus, cachorro".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

"Hegemonia do esquecimento"

"Aqui no Brasil, escondemos o passado. Até hoje os militares não revelam onde estão enterrados os mortos do Araguaia e onde estão os restos de mais de uma centena de “desaparecidos políticos”. Os torturadores e matadores nada tiveram de confessar. Abrigam-se sob a proteção de uma Lei de Anistia para apagar o passado, para impedir que se forme uma memória nacional dos que lutaram contra a opressão.

E tem sido sempre assim. Rui Barbosa mandou queimar os documentos da escravatura, sob o pretexto de que serviriam para os fazendeiros reclamarem indenizações pela libertação dos escravos. No interior de Minas, em Belo Vale, um pequeno museu proclama-se o “único museu da escravidão” no Brasil. Outro em São Vicente (SP) nada mais é do que uma casinha de taipas. O Museu do Índio em Brasília não é dedicado ao massacre dos índios, é uma exposição de arte e artesanato indígena. Os dois grandes museus afro-brasileiros, um em São Paulo outro na Bahia, também se dedicam muito mais a arte e cultura do que à denúncia da escravidão. O prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo virou galeria de arte, reservando quatro minúsculas celas, do lado de fora da entrada principal, para lembrar os tempos sombrios em que naquele prédio o delegado Sérgio Paranhos Fleury torturava e matava.

Não só ignoramos os que lutaram contra a opressão como homenageamos os opressores. O próprio Fleury virou nome de rua, em São Carlos. No Rio de Janeiro e em várias cidades há um viaduto “31 de Março”, em homenagem ao golpe militar. Em todas as cidades do Brasil há ruas, viadutos, rodovias e praças em homenagem a golpistas e bandeirantes que caçavam e dizimavam índios e escravos fugidos.

Tudo isso exemplifica o que em teoria política se chama hegemonia: a dominação não apenas pela força, mas pela cultura, pela ideologia, pelos meios de comunicação e pela forma como se conta para nossas crianças quem foram nossos heróis e nossos vilões. Deter a hegemonia é mais do que apenas dominar, é fazer com que o dominado aceite a dominação como natural.

Os negros na África do Sul acabaram com a hegemonia da minoria branca. No Brasil elegemos um operário presidente, mas não acabamos com a hegemonia de uma elite formada na tradição escravocrata. Derrubamos a ditadura militar, mas o grupo Tortura Nunca Mais é tratado pela mídia quase como uma organização clandestina.

Mister Simon, o nosso guia em Johannesburgo, fez questão de nos levar ao bairro grã-fino com propriedades imensas e palacetes. Num certo momento apontou para um deles e explicou: “Aqui mora o Mandela, lá pelas 5 da tarde ele costuma sair para seu passeio diário”. Perguntei: “Mister Simon, o fato de Mandela morar no bairro dos ricos é motivo de orgulho para os africanos ou acham que ele traiu o povo pobre?”

Simon custou a entender a pergunta; e finalmente respondeu: “É claro que sentimos orgulho, ora essa.


Nosso líder tem mesmo de morar aqui, para mostrar que as coisas mudaram”.

Envergonhado, expliquei-me: “No meu país elegemos pela primeira vez um operário para presidente e, em vez de se orgulharem disso, os jornais, a maioria dos que têm voz fazem questão de destratá-lo. Acham que não deveria ter comprado um novo avião para suas viagens, que gasta demais, que tem seguranças demais...”




Tudo uma questão de hegemonia. Quem sabe um dia chegaremos lá. Aí vamos trocar todas as placas de rua e espaços públicos, construir um grande museu da escravidão e outro grande museu dos horrores da ditadura. Para que as novas gerações saibam o que aconteceu e não permitam que aconteça de novo."




( Parte da reportagem "Apartheid nunca mais", da Revista Brasil, edição nº24 )

"Cipó de aroeira"

"Alheio à ascenção das classes C e D ao mercado de consumo, o PIG força debate eleitoral"

"Em tempos de lembrar 1968, cai bem um verso de Geraldo Vandré que se referia a um “dia que já vem vindo, que este mundo vai virar”… Está na canção Aroeira, do disco Canto Geral, lançado naquele ano de contestações. E encaixa bem nos resultados colhidos por setores da imprensa comercial em relação ao governo Lula: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”. Afinal, tratado com preconceito e grosserias, Lula apanha sem dó, mas ele e seu governo são recordistas de popularidade. Uma dor no pescoço recebe o título “carne de pescoço”; a tradução para a ida de qualquer militante a Brasília é envolvimento em negociata; nas páginas desses veículos, é o governo mais corrupto e desastroso da história.

Fazem por merecer a sigla PIG – Partido da Imprensa Golpista –, criada pelo deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) e adotada por Paulo Henrique Amorim. O foco num “terceiro mandato” é outro exemplo da “linha burra” ensaiada por esses veículos. Mesmo com Lula negando veementemente a idéia de nova reeleição e, ainda, apresentando a ministra Dilma Rousseff como possível candidata em 2010; mesmo com alguns petistas discutindo possibilidades de Ciro Gomes a Aécio Neves, esses veículos abordam o terceiro mandato de forma espalhafatosa para fritar antecipadamente a idéia. Forçam o debate, obrigam as pessoas a se posicionar e novamente colhem resultado amargo, como o apoio à re-reeleição de mais da metade dos entrevistados da recente pesquisa CNT/Sensus.

O PIG é incapaz de compreender e aceitar que o desenvolvimento do Brasil no atual governo ocorre principalmente pela inclusão social das classes C e D e briga por assegurar um espaço perante a classe média. Alimenta seus leitores com ódio e tenta atacar-lhes a auto-estima para gerar sentimentos como medo, opressão, revolta, que em outros momentos da história levaram a resultados desastrosos. Em vez de participar com idéias, debates e informação de qualidade na construção de uma nova história, em direção a uma sociedade mais justa e solidária (como acontece na África do Sul e relata Bernardo Kucinski nesta edição), tenta virar a história ao avesso, no intuito de retrocedê-la."



( Revista do Brasil, edição de nº 24, mês de maio )